Quando da última cópula secular
terá sido bom o sexo da lua?
O prazer dos astros é perceptível
no céu que se tinge de negro.
Enquanto isso, as pessoas
(aqui em baixo)
munidas de lunetas e chapas de pulmão
acotovelam-se
à espera do melhor momento do eclipse.
Agora
Paisagem surpreendente. Suor frio
Anêmonas protestam: um rito.
Antiguidades enfileiradas
na sacada do apartamento.
Tensão crescente
que desvia a atenção
dos mímicos.
voluntariamente
febre que toma o corpo
agora em chamas.
Impenitente.
Eu olho atento por entre os vãos da divisória do escritório
Uma alcatéia de pedra arrasta-se vagarosa até a escada
São animais exaustos e inseguros – como nós também o somos
Porém, rugem, rugem alto, dirigem tudo.
Ao término do desfile lento, deixo as tralhas na clausura,
ganho o que acreditam ser as ruas.
Os deuses tiveram seus nomes encaminhados ao SPC dos espíritos
Estão imersos em dívidas registradas em um muro devidamente grafitado de
lamentações na esquina.
Neo-nazistas pardos sonham despertos com casais de mesmo sexo
– e excitam-se -, enquanto atiram dos trens de subúrbio em movimento
adolescentes de cabelos ensaboados e camisetas dos Ramones.
Das fissuras do asfalto recapiado brotam agora pequeninos malabaristas
entorpecidos pela falta
Têm todos a idade dos sobrinhos, filhinhos e netinhos daqueles que juram
estar a salvo do outro lado.
”Que se passe adiante, que espetáculo do semáforo seja breve, que não nos
levem os pertences”, suplicam em uníssono no interior dos modelos blindados -
algumas buzinas emitem vozes.
Há um corpo miserável ardendo em chamas na calçada de uma loja de
departamentos.
O centro foi estendido e revitalizado, informa o outdoor risonho afixado na
lateral de um arranha-céu espesso vendido como cartão postal –
aqui o drama humano passa por reformas de estrutura.
Absorto na fauna histérica, perco o foco da tensão. Devaneio
A alcatéia, em campo aberto, nada mais tem de lenta
aproxima-se sem alarde e devora-me com volúpia.
Serei digerido aos poucos no retorno ao escritório.
Noutros eu cito: moi non plus
Há dias que eu não durmo
E tomo condimentos do mal
Há dias de benesses
Encanto virtuoso e afins
Há dias de panfleto
O fetiche é a questão social
Há dias só consumo
Inerte deixo tudo passar
Há dias sou verdade
Mas a dissimulação é real
Há dias valoroso
Noutros valho nem um tostão
Há dias sou etéreo
Noutros mais pesado que o ar
Há dias me desculpo
E o júri fecha cara ao votar
Noutros quero ser o seu cão
E toca ao fundo um rock triste
Que mais parece samba-canção
Há dias sou mistério
Noutros eles sabem quem sou
Há dias me tens nos braços
Porém, sou fuga, fuga, fuga
mas falta o som? serà que è tao segundario?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirgostei demais das fotos!
ResponderExcluire as projeções na parede dão um encanto ainda maior....
não vejo a hora de chegar! rs
Adorei, amigos. Obrigado pelo convite.
ResponderExcluirVamos armar mais, Carneiro!
ResponderExcluirVamos gravar o áudio do próximo show também.